Amados amores, ainda outro dia passamos por uma semana de apresentações de seminários na faculdade. Rolaram altíssimas coisas interessantes na nossa apresentação sobre colesterol, ômega 3, ômega 6 e gordura trans. Foi meio que um geral do que a gente vem escrevendo no nosso blog somado a um geral do que a gente ainda vai escrever.
Pena que os queridíssimos leitores não puderam acompanhar. Mas, como a equipe do nosso blog é apaixonadamente apaixonada por vocês, faremos de tudo pra deixar gravado aqui cada uma de nossas palavras e piadas que estiveram presentes na apresentação.
Com esse objetivo, volto a escrever-lhes, agora sem maiores preocupações com apresentações. E, só pra deixar todo mundo animado pro natal, vamos partir de novas aulas de bioquímica: Biossíntese do colesterol!!
Nada melhor que começar falando que toda a estrutura dessa “compacta” molécula de 27 átomos de carbono (!!) é derivada de um único precursor: o acetato. A biossíntese dessa molécula, porém, não é tão fácil como parece. E pra facilitar o entendimento a gente costuma dividi-la em 4 estágios principais:
1- Síntese do mevalonato a partir do acetato
Nesse estágio, o primeiro da síntese do colesterol, duas moléculas de acetil-CoA condensam-se pra formar o acetoacetil-CoA, reação catalisada pela enzima tiolase.
Posteriormente, o acetoacetil-CoA condensa-se com outra molécula de acetil-CoA pra formar β-hidroxi-β-metilglutaril-CoA, também conhecido por HMG-CoA. Essa reação é catalisada pela HMG-CoA sintase
Essas duas primeiras reações são reversíveis, e não são tãão comprometedoras para a síntese do colesterol. A próxima reação, porém, catalisada pela enzima HMG-CoA redutase, é particularmente importante por ser irreversível. Posteriormente, vocês verão que essa enzima é alvo de muitos medicamentos.
Nessa reação ocorre a redução do HMG-CoA a mevalonato. E nessa etapa são usadas duas moléculas de NADPH.
2- Conversão de mevalonato em isopreno ativado
Nesse estágio são transferidos grupos fosfato de moléculas de ATP para o mevalonato.
Logo depois, o fosfato ligado ao grupo hidroxila do C-3 e o grupo carboxila próximo saem, deixando uma dupla ligação no produto de 5 carbonos, o ∆3 –isopentenil-pirofosfato. A isomerização desse composto libera o dimetilalil pirofosfato.
3- Condensação de 6 unidades de isopreno pra formar o esqualeno
O isopentenil pirofosfato e o dimetilalil pirofosfato condensam-se pra formar o geranil pirofosfato. O geranil pirofosfato sofre outra condensação com o isopentenil pirofosfato liberando o farnesil pirofosfato. Duas moléculas de farnesil pirofosfato unem-se, com a eliminação de dois grupos pirofosfato, pra formar o esqualeno.
4- Conversão do esqualeno pra formar o núcleo esteróide
A enzima esqualeno monoxigenase forma um epóxido ao acrescentar um átomo de oxigênio do O2 à extremidade da cadeia do esqualeno, formando o esqualeno -2,3-epóxido. Uma ciclização dessa estrutura resulta na formação do lanoesterol, que contém a estrutura tetracíclica característica do núcleo esteróide. Por fim, o lanoesterol é convertido em colesterol por aproximadamente 20 reações, nas quais ocorrem migração de alguns grupos metila e remoção de outros.
Segue aí uma figurinha pra quem passou por aqui com muita pressa. Resumão da síntese do colesterol:
Eita!! Complexo pra caramba, não é? Não somos os únicos que acham. A via biossintética do colesterol é uma das mais complexas conhecidas... Tanta coisa pra gente pegar como tema para o nosso blog, não é?
Enfim, eu não podia finalizar o post de hoje sem fazer uma homenagem aos cabeçudos que elucidaram essa biossíntese em 1950: Konrad Bloch, Feodor Lynem, John Conforth e George Popják. Parabéns pra eles!! E pra quem entender tudo isso...
Até breve, queridos! Obrigada pela visita...
Referências:
NELSON, D. L.; COX, M. Lehninger – Princípios de Bioquímica. 3ed. São Paulo: Sarvier, 2002.
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