Que tal a gente bater um papo sobre óleos vegetais e margarinas? Mas, antes disso, vale a pena dar uma olhada em mais uma parte teórica da bioquímica.
Quem nunca ouviu falar de uma tal de membrana plasmática que envolve a célula? Até os menos informados já devem ter lido sobre uma bicamada de fosfolipídios associados a um bando de proteínas ou outros lipídeos não fosfatados. Pois é. O nosso assunto de hoje vai um pouco mais além....
O modelo que melhor define a membrana das células atualmente é conhecido como MODELO DO MOSAICO FLUIDO. Fica aí um link pra quem quiser saber um pouco mais sobre esse modelo: http://rived.mec.gov.br/atividades/biologia/transporte_passivo_membrana_plasmatica/
Mosaico FLUIDO, como o nome já diz, fala de uma fluidez da membrana plasmática. Essa fluidez, porém, não é conseqüência UNICAMENTE dos fosfolipídios da membrana. O quão fluida uma membrana é, em uma determinada temperatura, depende particularmente da natureza das caudas hidrocarbonadas: quanto mais próximas e mais regular for o empacotamento das caudas, mais viscosa e menos fluida será a bicamada.
Das características principais das caudas hidrocarbonadas, as que mais influenciam na fluidez das membranas são o comprimento e o grau de instauração: cadeias mais curtas reduzem a tendência de formação de interações entre as caudas hidrocarbonadas, aumentando a fluidez da bicamada. Além disso, cada ligação dupla em uma cauda insaturada cria uma pequena “dobra” que torna mais difícil o empacotamento das caudas umas com as outras. Por essa razão, quanto maior a proporção de caudas hidrocarbonadas insaturadas, mais fluida será a membrana.
Em células ANIMAIS, a fluidez da membrana está relacionada também às moléculas de COLESTEROL. Essas pequenas e rígidas moléculas preenchem os espaços vazios entre moléculas vizinhas de fosfolipídios, originadas pelas dobras de suas caudas hidrocarbonadas insaturadas.
Dessa forma, o colesterol tende a reforçar a bicamada, tornando-a mais rígida e menos permeável.
Para TODAS as células, a fluidez da membrana permite a rápida difusão de proteínas de membrana no plano da bicamada lipídica e a sua interação com outras proteínas, fator importante, por exemplo, na sinalização celular. Ela também permite a difusão de lipídeos e proteínas dos locais da membrana nos quais são inseridos logo após sua síntese para outras regiões da célula. A fluidez também possibilita a fusão de membranas diferentes e a mistura de suas moléculas, e assegura que moléculas de membrana sejam distribuídas igualmente entre as células-filha na divisão celular. Caso as membranas biológicas não fossem fluidas, ficaria difícil imaginar como as células poderiam crescer, reproduzir e viver.
Enfim... Onde é que entra o óleo vegetal e a bendita margarina do inicio do post?
Quem nunca viu essa imagem? Depois do post de hoje, respondam vocês: Faz alguma diferença escrever em latas de óleo ou margarina: “NÃO CONTÉM COLESTEROL!”?
Os leitores mais atentos diriam: “É claro que não!”. Como vimos, o colesterol influencia a fluidez das membranas das células ANIMAIS! Células vegetais praticamente NÂO possuem colesterol!
Não diferente, é a margarina. Pra quem não sabe, a margarina é um óleo VEGETAL (liquido a temperatura ambiente) que sofreu um processo denominado HIDROGENAÇÃO, só pra que ela ficasse “durinha”, pastosa (ou sólida a temperatura ambiente).
Mas, e o colesterol? É possível existir em algum tipo de margarina? Também não. Tá aí... Estratégia de venda. É charme dizer que algo não possui colesterol. Mas, depois de hoje, e depois de dar uma passada pelo blog, vocês já sabem: caso não existisse colesterol, nós não existiríamos. Sendo assim, nem sempre é bom algo não ter colesterol.
Cuidado com os charmes, e faça bom uso dos óleos e margarinas sem colesterol pra dar boas gargalhadas nos supermercados.
Até breve!
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