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Antiinflamatórios

          Queridos, assíduos, inteligentes, pacientes e persistentes leitores! Tenho certeza que há muito tempo alguns de vocês aguardam ansiosamente pelo post de hoje! Na última vez que escrevi deixei pistas de hoje escreveria sobre os tão conhecidos... Antiinflamatórios! Essa famosíssima classe de medicamentos que disputa a popularidade absoluta com a classe dos antibióticos será hoje alvo dos nossos estudos. E, só pra não perder o costume, vai aí a pergunta introdutória:

          O que diabos tem a ver antiinflamatório com um blog de colesterol, gordura trans e ômegas 3/6?

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          Bem, colesterol e gordura trans não tem muita coisa a ver não. Mas, os leitores atentos do post “Eicosanóides” chutaram que, já que algumas dessas substâncias têm ação inflamatória, os medicamentos antiinflamatórios devem impedir a síntese dessas substâncias. E... Acertaram!

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          Os antiinflamatórios geralmente apresentam três efeitos básicos: antipirético (abaixa a febre), analgésico (diminui a dor) e antiinflamatório. A diferença entre esses medicamentos está na potencialidade desses efeitos e nos efeitos colaterais.

          Podem ser divididos em dois grandes grupos:

a)Antiinflamatórios derivados da cortisona, corticóides ou esteróides, conhecidos           como antiinflamatórios esteroidais

          Os antiinflamatórios esteroidais atuam diretamente sobre as fosfolipases (citadas no post “Eicosanóides”), impedindo dessa forma toda a cascata da inflamação.

          Esse grupo de substâncias tem uma ação intensa sobre a inflamação, mas apresentam inúmeros efeitos colaterais:

          - São responsáveis pela retenção de sódio. O uso indiscriminado dessas substâncias pode, portanto, ter como conseqüência o aumento anormal da pressão arterial.

          -Como essas substâncias são naturalmente produzidas pela glândula adrenal humana, o uso prolongado de corticosteróides sintéticos pode ter como conseqüência a supressão do eixo hipotálamo-hipofise-adrenal .

          -Predisposição a diabetes e osteoporose, devido à supressão da produção dos hormônios da glândula adrenal

          -Predisposição a infecções, devido à ausência de qualquer reação inflamatória

          -Doença péptica, devido a inibição da produção de prostagladinas que protegem o estômago contra os ácidos produzidos em seu interior

          -Manifestações psiquiátricas, alterações oculares, ganho de peso, síndrome de Cushing, dentre outros

          Principais antiinflamatórios esteroidais:

1) Dexametasona tem longa duração de ação e suprime eficientemente a secreção de cortisol por 24 horas. Não se aconselha a administração oral por tempo prolongado, devido à grande supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

2) Hidrocortisona é usada intravenosamente e por curto prazo em situação de emergência de algumas condições (por ex.: asma grave, choque anafilático, angioedema, urticária gigante). O uso sistêmico agudo, mesmo com altas doses, não acarreta efeitos indesejáveis. Não se usa por tempo prolongado em função da atividade mineralocorticóide que causa retenção de água e sódio e depleção de potássio, com eventual comprometimento hemodinâmico.

3) Prednisolona Foi incluído por apresentar forma de solução oral, propiciando o uso em crianças com dificuldade de deglutir formas sólidas (como comprimidos de prednisona). Como prednisona, não suprime continuadamente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Um ensaio clínico mostrou benefício da prednisolona quando utilizada em baixas doses em artrite reumatóide115. Nas crianças está indicada em síndrome nefrótica, asma, epilepsia, artrite idiopática juvenil, doenças alérgicas e cardite reumática

4) Prednisona é agente de duração intermediária (18 a 36 horas). É o corticosteróide mais testado em múltiplas doenças em que se faz necessário uso sistêmico prolongado. Em doses únicas matinais ou em dias alternados, propicia menor supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, com conseqüente diminuição de efeitos adversos.

          b) Antiinflamatórios não esteroidais (AINES) ou não hormonais (AINH)

          Atuam na inibição de um sistema enzimático denominado ciclooxigenase (COX, também presente no post “Eicosanóides”) ou prostaglandina-H-síntase, responsável pela síntese dos diferentes tipos de prostaglandinas.

          Existem duas isoformas da COX, denominadas COX-1 e COX-2:

          Classificação das CICLOOXIGENASES:

 

COX-1

COX-2

     

Classificação

Essencial nos processos fisiológicos

Induzida por processo inflamatório e Interleucinas (IL1, IL2 e TNF-α)

Vasos Sanguíneos

Relaxamento vascular (PGE1, PGI), e contração, aumento da permeabilidade capilar (PGF, TXA)

 

Brônquios

Contração (PGF2, LTC, LTD, TXA) ou relaxamento (PGE)

 

Rins (PGE1, PGI)

Mantém o fluxo sanguíneo renal em pacientes com ICC, insuficiência renal ou cirrose. Regula metabolismo de sódio e potássio.

Aumentam na privação do sal. Aumentam a formação de PGI2 e PGE2, que estimulam a secreção de renina.

Plaquetas

Indução da agregação plaquetária (TXA2) ou inibição (PGI).

Não é detectável.

Gestação/Parto

Induz a contração uterina (PGE, PGF2α).

Possui expressão no epitélio uterino em diferentes períodos da gestação inicial e é importante na implantação do embrião e na angiogênese necessária para o estabelecimento da placenta.

SNC

Modulação do sistema neurovegetativo e do processo sensorial (PGE2, PGD2, PGH2).

Presente apenas no córtex, hipocampo, hipotálamo e medula espinhal.

Febre

Há produção de PGE2 que ativa o centro termorregulatório hipotalâmico.

Aumenta COX-2 no endotélio dos vasos cranianos e micróglia.

Hiperalgesia

Potencializa a ação dos mediadores da dor e sensibiliza os nociceptores.

Aumenta a imunorreatividade para RNAm da COX-2.

Núcleo

 

Induz apoptose.

Fonte: Silva, P. Farmacologia. (2004)

          A inibição da COX-1 é a responsável pelos efeitos colaterais dessa classe de medicamentos:

-Gastrites e úlceras

-Insuficiência renal

-Deficiência na coagulação sanguinea

-Hipertensão

-Inibição da ação dos diuréticos

-Insuficiencia cardíaca

-Hepatite

-Reações alérgicas

          Todos esses sintomas são resultados da inibição das ações benéficas da prostaglandinas. Isso fez com que os pesquisadores buscassem a síntese de medicamentos seletivos para COX-2, que seria a isoforma responsável pela síntese de prostaglandinas que combateria especificamente a inflamação.

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          Porém, nos rins a COX-2 regula a excreção de sal através da renina, o volume circulante e a homeostasia da pressão arterial. Dessa forma, uma inibição desse sistema enzimático pode ter como efeito colateral a alteração da pressão arterial e alterações da osmolaridade sanguínea com consequente desbalanço hídrico.

          Em certas mulheres esses medicamentos podem inibir o ciclo menstrual causando amenórreias secundárias. De qualquer forma, os inibidores seletivos de COX-2 são os
antiinflamatórios mais indicados para pacientes com problemas gástricos.

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          Em resumo:

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          Ufa!!

          E aí?

          Valeu a pena esperar pela aula de hoje?

 

 

Referências:

MARZZOCO ,A. , TORRES, B. B. Bioquímica Básica, 2 ed., Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan,1999

http://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/2597/antiinflamatorios_esteroides.htm

http://www.endonline.com.br/bookline/medsist/antiinflamatorios.htm

http://drashirleydecampos.com.br/noticias/15376

http://www.mdsaude.com/2008/11/antiinflamatrios.html

http://cc04-10.med.up.pt/Farmaco/Corticoides.pdf

http://www.ebah.com.br/busca.buscar.logic?q=antiinflamat%F3rios

EicOSaNÒideS

          A gente já falou de muita coisa interessante no decorrer desse blog. Mas, dando uma passada pelos posts, percebi que nenhum dos nós se deu ao trabalho de falar um pouco mais sobre eicosanóides. Ta aí... Bom assunto para o post de hoje.
          Lembra daquele post em que falei sobre ácidos graxos essenciais (aliás, o post recebeu o nome de “Ácídos graxos essenciais”, super criativo!). Então... Eu disse que eles eram particularmente importantes por serem os precursores dos eicosanóides.
          Que bom! Mas, no que mesmo consistem os eicosanóides?
          Vamos do começo. É mais ou menos assim...
          Nós ingerimos ácidos graxos essenciais na forma de fosfolipídeos:
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          Esses fosfolipídios fazem parte das membranas das células. Mas, para que os ácidos graxos possam ser utilizados para a síntese de outras substâncias, eles precisam estar na forma livre. Portanto, é necessário antes hidrolisar a membrana das células. Essa hidrólise da membrana celular é realizada por fosfolipases específicas e ocorre em resposta a lesões, inflamações, hormônios ou outros estímulos específicos.
          Por ação das enzimas ciclooxigenase e lipoxigenase os ácidos graxos dão origens às prostaglandinas, aos tromboxanos e leucotrienos, também denominados eicosanóides.
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          Por exemplo, o ácido araquidônico: Ele faz parte dos fosfolipídios de membrana e sua liberação depende da ação de fosfolipases específicas (A fosfolipase A2 e a fosfolipase C, e, possivelmente, a diacilglicerolipase estão envolvidas na liberação de ácido araquidônico)
          Um grupo de enzimas presentes no retículo endoplasmático liso é responsável pela transformação do ácido araquidônico livre em PGH2 e prostaglandinas. Essas substâncias estão relacionadas à contração de músculos lisos, à dor, à febre, à fecundidade, à ovulação, dentre outras coisas.
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          Um outro grupo de enzimas, presentes nas plaquetas sanguíneas, transforma o PGH2 em tromboxanos. Essas substâncias são particularmente importantes na coagulação sanguínea.
          As prostaciclinas são produtos do ácido araquidônico através da ação da ciclooxigenase. As prostacilcinas inibem a agregação das plaquetas e desagrega as plaquetas previamente agregadas. Também inibem a adêrencia das plaquetas e neutrófilos a superfícies estranhas e ao endotélio lesado, além de serem responsáveis pela dilatação da musculatura lisa, brônquica e vascular.
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          Quando sofre reações de lipoxigenação, o ácido araquidônico dá origem aos leucotrienos. As enzimas lipoxigenages enzimas são encontradas nos leucócitos, coração, cérebro, pulmão e baço. Os leucotrienos estão relacionados à bronconstrição pulmonar, à vasoconstrição e ao aumento da permeabilidade vascular.
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          Os ácidos graxos alfa linolênico, docosahexaenoico, eicosapentaenóico e linoléico, além do ácido araquidônico, também são precursores dos eicosanóides. E, agora que vocês já sabem algumas das funções e o modo de produção dessas substâncias, vocês já conseguem imaginar qual seria o mecanismo de ação de alguns medicamentos, como por exemplo os antiinflamatórios, os antitérmicos os anticoagulantes, dentre outros. Mas, isso é assunto pra outro post.
          Até lá então.
 
 
Referências:
MARZZOCO & TORRES – Bioquímica Básica - Editora Guanabarana-Koogan, Rio de Janeiro. 1999.
http://www.fmrp.usp.br/revista/2002/vol35n2/efeito_flavonoides.pdf
http://www.unirio.br/farmacologia/aulas%20%20farmacologia/end%C3%B3crino/prostaglandina%202.pdf
http://www.fcav.unesp.br/queiroz/Prostaglandinas.pdf
www.icb.ufmg.br/biq/biq038/w3.pp

Regulação da síntese de colesterol

          Os que estiveram atentos aos nossos últimos posts devem ter notado uma certa complexidade nos assuntos...
          É que nós imaginamos que os inteligentíssimos (e assíduos) leitores das nossas páginas já estejam sacando tudo de bioquímica. Então resolvemos aprofundar pra não deixar o blog ficar chato.
          Quem deu uma olhadinha nas perguntas e respostas que surgiram após o nosso seminário deve ter ficado com mais um bando de dúvidas. A boa notícia é que, como eu já disse, nós vamos tentar falar sobre tudo o que esteve presente na apresentação aqui no blog também.
          Com esse intuito, o post de hoje vem pra continuar o meu último (sobre síntese do colesterol, logo ali abaixo. Que tal dar uma lida?)
          E como em qualquer outra síntese que ocorre no organismo humano, existem mecanismos específicos que controlam a síntese do colesterol.
          Mas quais, especificamente, seriam esses mecanismos?
          Um dos principais mecanismos de controle da síntese está logo na primeira etapa da fabricação de nossa famosa molécula (Pra quem não lembra ou não sabe do que estou falando, é só voltar no post do dia 20/12/2010 – Biossíntese do colesterol). Essa etapa, nomeada no post antigo de “Síntese do mevalonato a partir do acetato”, guarda um reação particularmente importante.
          Os que têm um bom conhecimento da bioquímica sabem que as reações irreversíveis são importantes em qualquer síntese pois elas determinam o sentido em que a reação vai se processar. A reação em que ocorre a redução do HMG-CoA a mevalonato é uma etapa irreversível da síntese do colesterol. A enzima que catalisa essa síntese, a HMG-CoA redutase, é uma enzima reguladora bastante complexa, que pode sofrer variações de mais de 100 vezes em sua atividade. E qualquer impedimento na ação dessa enzima significa prejuízo na síntese do colesterol:
1) O alto nível intracelular de um esterol não identificado (possivelmente o colesterol) promove a degradação dessa enzima reguladora e impede a transcrição do seu gene.
2) A ação da HMG-CoA redutase pode também ser controlada por hormônios. Essa enzima existe na forma ativa (desfosforilada) e inativa (fosforilada). Os hormônios insulina e glucagon atuam ativando e desativando, respectivamente, a HMG-CoA redutase, por meio de fosfatações e fosforilações.
          Um outro mecanismo de controle da síntese do colesterol está relacionado à concentração intracelular desse lipídeo. Altas concentrações intracelulares de colesterol ativam uma enzima que catalisa a transformação desse composto em ésteres de colesterol para o armazenamento, a ACAT (acil-CoA-colesterol aciltransferase). Os ésteres de colesterol assim formados podem ser armazenados no próprio fígado ou serem transportados pelas lipoproteínas de transporte para os tecidos que fazem uso do colesterol.
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A regulação da síntese do colesterol promove o equilíbrio entre a síntese e o colesterol obtido da dieta.
          Finalmente, quando as concentrações intracelulares de colesterol estão altas, o gene que codifica receptores de LDL tem sua transcrição diminuída. Dessa forma, a captação do colesterol do sangue é diminuída. A conseqüência do acúmulo desse lipídeo no sangue você já sabe (Se não sabe, é só dar uma passeada pelo nosso blog. Tem muita coisa interessante pra descobrir)
          Uma outra forma que o organismo usa pra regular a síntese do colesterol é induzindo a transição de genes relacionados com a excreção desse lipídio, como por exemplo, genes que codificam enzimas reguladoras da síntese dos sais biliares.
          Caso os amados leitores tenham achado insuficientes ou pouco claras as explicações sobre a regulação da complexa síntese do colesterol, vai aí uma dica: http://colesterol02-09.blogspot.com/2009/12/regulacao-das-taxas-de-colesterol-no.html. O blog dos meninos de 2009/2 pode auxiliar nossa aprendizagem.
          Até a próxima postagem.   Laíze Terra !!

Referências:
NELSON, D. L.; COX, M. Lehninger – Princípios de Bioquímica. 3ed. São Paulo: Sarvier, 2002.
http://colesterol02-09.blogspot.com/

Respostas do seminário

          Seguindo as obrigações do seminário que fizemos e que vocês, leitores não-alunos, não viram. Recebemos três perguntas realizadas por três dos grupos que também fazem blogs de bioquímica (e que podem ser visitados aí do lado esquerdo). Tentamos responder todas com pesquisa e com tudo que nós sabemos e aí vão as respostas:

1) Já que uma das funções do fígado é manter a glicemia, a deposição de colesterol neste afeta de alguma forma a gliconeogênese? (by group Bioquímica do Álcool)

          A biossíntese do colesterol é regulada, DENTRE OUTRAS COISAS, pela concentração do colesterol intracelular.

          Altas concentrações de um esterol não identificado (talvez o colesterol ou um derivado dele) promovem a degradação da enzima acetil-CoA redutase (já citada em nosso blog e no seminário) e a inibição na transcrição do seu gene.

          Altas concentrações de colesterol intracelular ativam a ação da ACAT (enzima ail-CoA-colesterol aciltransferase, responsável pela formação de ésteres de colesterol), o que faz aumentar a esterificação do colesterol para o ARMAZENAMENTO. Os ésteres de colesterol são armazenados no fígado ou transportados inseridos em partículas lipoproteicas para outros tecidos que empregam colesterol.

          Mas, altas concentrações de colesterol intracelular também diminuem a transcrição do gene que codifica o receptor da LDL, o que reduz a produção do receptor e a consequente captação do colesterol pelo sangue.

          Dessa forma, entendemos que, quando a quantidade de colesterol sintetizada ou obtida na dieta excede o necessário pra satisfazer a síntese das membranas, dos sais biliares e esteróides, pode ocorrer acúmulo de colesterol NAS PAREDES DOS VASOS SANGUÍNEOS, e não no fígado.

          Em humanos, a estrutura cíclica do colesterol não pode ser degradada. Dessa forma, o núcleo esteróide é eliminado intacto pela conversão em ácidos e sais biliares.

          Enfim, quando ocorre aumento do colesterol nas células hepáticas, ou a produção desse esteróide é inibida, ou a sua excreção na bile é aumentada. O quadro que poderia afetar a gliconeogênese e outras funções hepáticas é conhecido como ESTEATOSE HEPÁTICA (acúmulo de lipídeos no fígado). Esses lipídeos, porém, são de várias outras classes de lipídeos, que não a dos esteróides, classe em que se encontra o colesterol.

          Dessa forma altos índices de colesterol podem ser considerados um indicativo da possibilidade de esteatose e não uma razão para sua existência, uma vez que altos níveis de lipídeos requerem uma maior quantidade de colesterol para a formação das lipoproteínas de transporte.

2) O colesterol exógeno impede a produção de colesterol endógeno. Por que isso acontece? (by group Bioquímica dos Radicais Livres)

          No texto da primeira resposta já demonstramos o caminho da produção do colesterol.

          Recapitulando: Quando o colesterol é absorvido em grandes quantidades pelo fígado, sua alta concentração intracelular promove a degradação da enzima acetil-CoA redutase, aquela mesma que é responsável por uma das etapas da síntese de colesterol endógeno.

          Dessa forma, quando o indivíduo ingere grandes quantidades de colesterol e o fígado consegue absorver esse lipídeo apropriadamente, sua concentração impede a síntese de colesterol endógeno, fazendo exatamente o que foi perguntado: usando o colesterol exógeno para impedir a síntese de colesterol endógeno.

          Esse é o motivo pelo qual dissemos no nosso seminário e no meu post sobre dietas, que a ingestão de colesterol tem um papel muito pequeno nos quadros de acúmulo do próprio no corpo. Um organismo equilibrado e saudável consegue neutralizar ingestões de colesterol facilmente pelo controle de sua síntese através desse mecanismo.

          A importância desse mecanismo no corpo é imensa. Impedindo a síntese excessiva de colesterol o organismo impede várias doenças como a aterosclerose (mostrada por mim no seminário e pelo Jean no blog), que se caracteriza pelo excesso de colesterol nos vasos sanguíneos. É importante destacar que essa síntese é extremamente sensível e funcional, dada a enorme importância do colesterol para o funcionamento do corpo, como foi mostrado pelo Carlos e pelo Arthur no seminário e como pode ser visto em vários posts do blog.

3) Qual é a alteração que existe na síntese de colesterol em indivíduos que são hipercolesterolêmicos pela produção de colesterol endógeno e não por fatores exógenos, como a má alimentação? (by group Bioquímica do Exercício)

          Bom. Existem várias possibilidades para a hipercolesterolemia. Primeiramente é importante destacar que a hipercolesterolemia tende a ser quase sempre causada pelo colesterol endógeno. Mesmo quando causada pela má-alimentação.

          Deixa eu tentar explicar isso. Uma dieta com quantidades excessivas de gorduras saturadas, por exemplo, apesar de ser causada pela má-alimentação, tende a aumentar a produção de colesterol endógeno. Isso acontece pois esse tipo de gordura inibe a detecção de altos níveis de colesterol pelo fígado que acaba por produzir mais e mais colesterol.

          Quanto ao aumento de colesterol não relacionado a alimentação de forma alguma podemos tratar principalmente de uma doença chamada Hipercolesterolemia familiar (repita 5 veses bem rápido!). Essa doença representa o maior fator genético para o acúmulo de colesterol e caracteriza-se por uma deficiência no gene que codifica o receptor para a LDL no fígado. Com a falta desse receptor o organismo não consegue retirar a LDL no sangue e o fígado não consegue inibir apropriadamente a síntese de mais colesterol, o que acaba por causar acúmulo dele no plasma a níveis que podem ser incríveis dependendo do nível de deficiência do gene. Existem casos que o colesterol chegou a estar 5 veses maior que o máximo recomendado.

          Há também doenças relacionadas a problemas na síntese de HDL, aquela lipoproteína que mostramos ser importante para retirar colesterol do plasma e levá-lo para o fígado onde pode ser excretado. Tais casos também causam hipercolesterolemia sem nenhuma influência alimentar. Sua importância é menor que a da Hipercolesterolemia familiar, pois se trata de uma doença muito mais rara que a primeira.

          A deficiência de HDL genética pode se relacionar ao hipercatabolismo de da apoA-I e apoA-II maduras, as apolipoproteínas principais na constituição do HDL. Em casos ainda mais graves, as apolipoproteínas maduras e também seus precursores são degradados de forma muito intensa pelo organismo. Esse último caso caracteriza a doença de Tangier, que é ainda mais rara.

Biossíntese do Colesterol

          Amados amores, ainda outro dia passamos por uma semana de apresentações de seminários na faculdade. Rolaram altíssimas coisas interessantes na nossa apresentação sobre colesterol, ômega 3, ômega 6 e gordura trans. Foi meio que um geral do que a gente vem escrevendo no nosso blog somado a um geral do que a gente ainda vai escrever.

          Pena que os queridíssimos leitores não puderam acompanhar. Mas, como a equipe do nosso blog é apaixonadamente apaixonada por vocês, faremos de tudo pra deixar gravado aqui cada uma de nossas palavras e piadas que estiveram presentes na apresentação.

          Com esse objetivo, volto a escrever-lhes, agora sem maiores preocupações com apresentações. E, só pra deixar todo mundo animado pro natal, vamos partir de novas aulas de bioquímica: Biossíntese do colesterol!!

          Nada melhor que começar falando que toda a estrutura dessa “compacta” molécula de 27 átomos de carbono (!!) é derivada de um único precursor: o acetato. A biossíntese dessa molécula, porém, não é tão fácil como parece. E pra facilitar o entendimento a gente costuma dividi-la em 4 estágios principais:

1- Síntese do mevalonato a partir do acetato

          Nesse estágio, o primeiro da síntese do colesterol, duas moléculas de acetil-CoA condensam-se pra formar o acetoacetil-CoA, reação catalisada pela enzima tiolase.

          Posteriormente, o acetoacetil-CoA condensa-se com outra molécula de acetil-CoA pra formar β-hidroxi-β-metilglutaril-CoA, também conhecido por HMG-CoA. Essa reação é catalisada pela HMG-CoA sintase

          Essas duas primeiras reações são reversíveis, e não são tãão comprometedoras para a síntese do colesterol. A próxima reação, porém, catalisada pela enzima HMG-CoA redutase, é particularmente importante por ser irreversível. Posteriormente, vocês verão que essa enzima é alvo de muitos medicamentos.

          Nessa reação ocorre a redução do HMG-CoA a mevalonato. E nessa etapa são usadas duas moléculas de NADPH.

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2- Conversão de mevalonato em isopreno ativado

          Nesse estágio são transferidos grupos fosfato de moléculas de ATP para o mevalonato.

          Logo depois, o fosfato ligado ao grupo hidroxila do C-3 e o grupo carboxila próximo saem, deixando uma dupla ligação no produto de 5 carbonos, o ∆3 –isopentenil-pirofosfato. A isomerização desse composto libera o dimetilalil pirofosfato.

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3- Condensação de 6 unidades de isopreno pra formar o esqualeno

          O isopentenil pirofosfato e o dimetilalil pirofosfato condensam-se pra formar o geranil pirofosfato. O geranil pirofosfato sofre outra condensação com o isopentenil pirofosfato liberando o farnesil pirofosfato. Duas moléculas de farnesil pirofosfato unem-se, com a eliminação de dois grupos pirofosfato, pra formar o esqualeno.

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4- Conversão do esqualeno pra formar o núcleo esteróide

          A enzima esqualeno monoxigenase forma um epóxido ao acrescentar um átomo de oxigênio do O2 à extremidade da cadeia do esqualeno, formando o esqualeno -2,3-epóxido. Uma ciclização dessa estrutura resulta na formação do lanoesterol, que contém a estrutura tetracíclica característica do núcleo esteróide. Por fim, o lanoesterol é convertido em colesterol por aproximadamente 20 reações, nas quais ocorrem migração de alguns grupos metila e remoção de outros.

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          Segue aí uma figurinha pra quem passou por aqui com muita pressa. Resumão da síntese do colesterol:

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          Eita!! Complexo pra caramba, não é? Não somos os únicos que acham. A via biossintética do colesterol é uma das mais complexas conhecidas... Tanta coisa pra gente pegar como tema para o nosso blog, não é?

          Enfim, eu não podia finalizar o post de hoje sem fazer uma homenagem aos cabeçudos que elucidaram essa biossíntese em 1950: Konrad Bloch, Feodor Lynem, John Conforth e George Popják. Parabéns pra eles!! E pra quem entender tudo isso...

          Até breve, queridos! Obrigada pela visita...

 

Referências:

NELSON, D. L.; COX, M. Lehninger – Princípios de Bioquímica. 3ed. São Paulo: Sarvier, 2002.

diETa CoNteMPoRâNEa

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Ácidos graxos essenciais

          Dia de falar de bioquímica de novo! Mas, dessa vez vou tentar unir o útil ao agradável... E, só pra variar, vamos falar de lipídeos! Ou seja, gorduras! Atenção gordinhos de plantão! Hahaha

          Para os que não sabem, a maioria dos lipídeos que a gente encontra na dieta é composta por triacilgliceróis (Lipídios derivados do óleo glicerol. Que tal ler um pouco mais sobre isso em nosso blog?). Esses compostos, do podo de vista energético, são dispensáveis, podendo facilmente ser substituídos por carboidratos. O que muita gente não sabe é que os triacilgliceróis são importantes por conterem ácidos graxos essenciais e por serem extremamente importantes na absorção das vitaminas lipossolúveis.

          Agora, como assim, ácidos graxos essenciais? Pois é. Esses compostos são fundamentais para o crescimento normal e para o funcionamento do organismo humano, particularmente do sistema nervoso. São precursores dos eicosanóides e acredita-se que eles possam atuar como mensageiros intracelulares. E quais são os ácidos graxos considerados essenciais para o nosso organismo? Bom, o ácido linoléico (ω-6) e α-linolênico(ω-3), duas celebridades do nosso blog.

          Para que nosso organismo obtenha todos os ácidos graxos essenciais, recomenda-se a ingestão de óleos vegetais, particularmente ricos em ácidos graxos POLIINSATURADOS. As gorduras de origem animal apresentam grande conteúdo de ácidos graxos SATURADOS, ou seja, ácidos diferentes dos essenciais. As exceções são os óleos de coco de algumas palmeiras tropicais e de cacau, que apesar de serem de origem vegetal, são óleos ricos em ácidos saturados.

          O ácido linoléico (ω-6), geralmente, é o mais presente na dieta humana, por ser encontrado em grandes concentrações nos óleos vegetais mais consumidos por nós. Os ácidos graxos ω-3 que apresentam cadeias mais longas e maiores números de insaturações, no entanto, são praticamente inexistentes nos óleos vegetais. Por exemplo, os ácidos eicosapentaenóico (EPA 20:5) e docosaexaenóico (DHA 22:6) são encontrados nos peixes marinhos e, em menor quantidade, em ovos, carne de boi, porco e frango.

          O organismo humano dispõe de todas as enzimas necessárias para a síntese de ácidos graxos de cadeia longa à partir do ácidos graxos ω-3 presentes na dieta. Nos últimos anos, porém , a sociedade passou a ingerir quantidades cada vez maiores de produtos industrializados fabricados à partir de óleos vegetais, ricos em ω-6. Concomitantemente, houve a diminuição no consumo de peixes e queda na utilização de gorduras animais, ricas em ω-3. A alta razão ω-6/ ω-3 no organismo, limita a conversão dos ácidos -3 em EPA e DHA, devido a competição dos ω-6 pelas enzimas desnaturases, que promovem a insaturação dos ácidos graxos ω-3.

                  Algumas comunidades, como por exemplo a dos japoneses, seguem as seguintes recomendações de dietas: baixos teores de lipídios totais e de gorduras saturadas, diminuição da ingestão de ω-6, concomitante ao aumento da ingestão de ω-3. Isso pode contribuir, pelo menos em parte, pra que a expectativa de vida dessas pessoas esteja entre as mais altas do mundo. E para os vegetarianos, vai aí uma notícia: Dietas vegetarianas, quando comparadas a dietas onívoras, apresentam razões ω-6/ ω-3 mais elevadas, sendo, portanto, menos apropriadas.

Obs: EPA - importante ácido graxo insaturado encontrado em óleos de peixe. Atua como precursor das famílias das prostaglandinas-3 e tromboxanos-3. Uma dieta rica em ácidos eicosapentanóicos diminui a concentração de lipídeos séricos, reduz a incidência de doenças cardiovasculares, previne a agregação plaquetária e inibe a conversão doe ácido araquidônico em compostos das famílias dos tromboxanos-2 e prostaglandinas-2.
DHA - é considerado um nutriente que melhora a inteligência e aumenta a capacidade de aprendizado. Está presente no cérebro e é um dos poucos componentes que podem penetrar na célula cerebral.
Fontes:

http://www.radarciencia.org/acido-58111417-eicosapentaenoico/
http://www.lavmed.com.br/news_saude_16.asp
Torres, Bayardo B., Marzzoco, Anita. Bioquímica Básica. 3.ed, Guanabara Koogan, 2007

cOlesTErOl/ OmÊGa3/6/ GorDUrA TrANs X SaÚdE

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Curiosidade... Ou piada? Decidam vocês!

      Que tal a gente bater um papo sobre óleos vegetais e margarinas? Mas, antes disso, vale a pena dar uma olhada em mais uma parte teórica da bioquímica.

      Quem nunca ouviu falar de uma tal de membrana plasmática que envolve a célula? Até os menos informados já devem ter lido sobre uma bicamada de fosfolipídios associados a um bando de proteínas ou outros lipídeos não fosfatados. Pois é. O nosso assunto de hoje vai um pouco mais além....

      O modelo que melhor define a membrana das células atualmente é conhecido como MODELO DO MOSAICO FLUIDO. Fica aí um link pra quem quiser saber um pouco mais sobre esse modelo: http://rived.mec.gov.br/atividades/biologia/transporte_passivo_membrana_plasmatica/

      Mosaico FLUIDO, como o nome já diz, fala de uma fluidez da membrana plasmática. Essa fluidez, porém, não é conseqüência UNICAMENTE dos fosfolipídios da membrana. O quão fluida uma membrana é, em uma determinada temperatura, depende particularmente da natureza das caudas hidrocarbonadas: quanto mais próximas e mais regular for o empacotamento das caudas, mais viscosa e menos fluida será a bicamada.

      Das características principais das caudas hidrocarbonadas, as que mais influenciam na fluidez das membranas são o comprimento e o grau de instauração: cadeias mais curtas reduzem a tendência de formação de interações entre as caudas hidrocarbonadas, aumentando a fluidez da bicamada. Além disso, cada ligação dupla em uma cauda insaturada cria uma pequena “dobra” que torna mais difícil o empacotamento das caudas umas com as outras. Por essa razão, quanto maior a proporção de caudas hidrocarbonadas insaturadas, mais fluida será a membrana.

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      Em células ANIMAIS, a fluidez da membrana está relacionada também às moléculas de COLESTEROL. Essas pequenas e rígidas moléculas preenchem os espaços vazios entre moléculas vizinhas de fosfolipídios, originadas pelas dobras de suas caudas hidrocarbonadas insaturadas.

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      Dessa forma, o colesterol tende a reforçar a bicamada, tornando-a mais rígida e menos permeável.

      Para TODAS as células, a fluidez da membrana permite a rápida difusão de proteínas de membrana no plano da bicamada lipídica e a sua interação com outras proteínas, fator importante, por exemplo, na sinalização celular. Ela também permite a difusão de lipídeos e proteínas dos locais da membrana nos quais são inseridos logo após sua síntese para outras regiões da célula. A fluidez também possibilita a fusão de membranas diferentes e a mistura de suas moléculas, e assegura que moléculas de membrana sejam distribuídas igualmente entre as células-filha na divisão celular. Caso as membranas biológicas não fossem fluidas, ficaria difícil imaginar como as células poderiam crescer, reproduzir e viver.

      Enfim... Onde é que entra o óleo vegetal e a bendita margarina do inicio do post?

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      Quem nunca viu essa imagem? Depois do post de hoje, respondam vocês: Faz alguma diferença escrever em latas de óleo ou margarina: “NÃO CONTÉM COLESTEROL!”?

      Os leitores mais atentos diriam: “É claro que não!”. Como vimos, o colesterol influencia a fluidez das membranas das células ANIMAIS! Células vegetais praticamente NÂO possuem colesterol!

      Não diferente, é a margarina. Pra quem não sabe, a margarina é um óleo VEGETAL (liquido a temperatura ambiente) que sofreu um processo denominado HIDROGENAÇÃO, só pra que ela ficasse “durinha”, pastosa (ou sólida a temperatura ambiente).

      Mas, e o colesterol? É possível existir em algum tipo de margarina? Também não. Tá aí... Estratégia de venda. É charme dizer que algo não possui colesterol. Mas, depois de hoje, e depois de dar uma passada pelo blog, vocês já sabem: caso não existisse colesterol, nós não existiríamos. Sendo assim, nem sempre é bom algo não ter colesterol.

      Cuidado com os charmes, e faça bom uso dos óleos e margarinas sem colesterol pra dar boas gargalhadas nos supermercados.

      Até breve!

     FUNDAMENTOS DA BIOLOGIA CELULAR / Alberts, Bray, Hopkin, Johnson, Lewis, Raff, Roberts & Walter - isbn.

No TRanS!

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TrANs FattY AciDS

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conSultAS fÁCeis X inVErdaDes

Caros recentes amigos,
Na minha busca incessante por escrever algo sobre colesterol que fosse ao mesmo tempo útil e interessante, deu-me na idéia de escrever sobre o “princípio do equilíbrio”.
Como assim?
Vamos com calma, amados... Breve pretendo ser mais clara. A parte do suspense às vezes torna as coisas mais interessantes! Haha
Atualmente, se a concentração de colesterol em seu sangue (em mg/dl) estiver acima de 230, a maioria dos profissionais da saúde começa a ficar preocupada. E, se sua taxa for de 250 ou superior, você deve ser colocado imediatamente em uma dieta especial, em um programa de exercícios físicos, e, possivelmente, sobre medicação.
O “princípio do equilíbrio“, sobre o qual falei no início, sugere, porém, que a contagem do seu colesterol não é tudo. É extremamente importante pensar em termos do colesterol individual e outros componentes gordurosos de seu sangue, além da taxa de colesterol total.
Pra tentar simplificar... Fundamentalmente, você precisa se atentar ao seguinte:
1) Sua taxa de colesterol total
2) Suas LDLs (lipoproteínas de baixa densidade)
3) Suas HDLs (lipoproteínas de alta densidade)
4) Seus triglicerídeos.
(Para os perdidos, nossas postagens anteriores dão uma ligeira dica do que são essas 4 coisas)
Um desequilíbrio na concentração dessas substâncias pode gerar um quadro conhecido como “deslipidemia”.
Aham...
Mas, qual, então, deve ser a taxa considerada segura dessas gorduras e lipoproteínas no sangue para que se esteja protegido de uma eventual doença coronariana? Bem, como veremos posteriormente, essas taxas dependem, principalmente, de fatores como idade, sexo e até mesmo da pressão arterial. Diabéticos e tabagistas também são diferentemente analisados quando faz-se estudos das concentrações ideais dessas substâncias no organismo.
Dando um tour pelos livros e internet, descobri um tal de “Escore de Risco Framingham Para Doenças Cardiovasculares”. Resumidamente, ele é resultado de descobertas realizadas no Estudo do Coração de Framingham, em Massachussets no ano de 1948, e consiste em uma tabela onde são indicados “escores de risco para eventos coronários”.
Segue a tabela:
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Além da tabela, o site http://www.framinghamheartstudy.org/risk/index.html calcula de forma rápida e atualizada os escores de risco para as doenças cardiovasculares.
Estudos posteriores, porém, questionam a veracidade e a utilidade das informações contidas no Escore de risco Framingham. Entre outros motivos, porque, primeiramente, os dados foram obtidos com medidas de quase meio século, havendo assim a possibilidade de que o risco tenha se alterado com o tempo.
Em segundo lugar, porque o risco verificado nos participantes de Framingham não é, necessariamente, o mesmo verificado em outras populações, principalmente pela diminuta quantidade de pessoas analisadas no estudo: 6000.
Em terceiro lugar, fatores como dieta, peso corpóreo e atividade física, não foram considerados no escore. Quarto, o risco apresentado é unidirecional, ou seja, não se pode garantir que a redução de um fator de risco reduza de fato o risco.
Há ainda outras idéias contra os valores indicados pelo estudo. Quem tiver curiosidade, basta acessar o artigo: http://www.fm.usp.br/gdc/docs/revistadc_166_08-escore.pdf
Em síntese, queridos, apesar das facilidades de cálculos dos índices de risco, apesar das inúmeras fontes, às vezes seguras, outras não, que falam sobre gorduras e doenças cardiovasculares, nada melhor que cuidar da alimentação, praticar exercícios e fazer constantes visitas ao seu médico.
Saber que nossas gorduras têm que estar em quantidades equilibradas em nosso organismo, como vimos, não nos livra da possibilidade de doenças coronarianas, afinal, outros fatores devem ser analisados. E, em último caso, o risco individual só pode ser definido mediante um estudo clínico, ou seja, seu médico deve ser sua principal orientação quando você se preocupar com sua saúde.
O post de hoje foi só para alertar os amados leitores. Nem sempre o que dizem por aí é o que acontece realmente com você. Estudos às vezes surgem pra facilitar nossas vidas. Mas eles devem servir-nos como orientação, e não como medidas de condutas!
Cuide de sua saúde consultando-se regularmente!
E, por hoje... É só!
Até nossa próxima conversa.
Fontes:

Cooper, Kenneth H.: Controlando O Colesterol, Nórdica, 1990
http://www.fm.usp.br/gdc/docs/revistadc_166_08-escore.pdf

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Introdução Ômega 3/6

          Queridos leitores,
          Como já era de se esperar, quem vos escreve de novo é o bendito fruto, Laíze. É claro, nenhum marmanjo desse blog iniciaria uma conversa com “queridos”. Essa doçura só podia partir de uma alma feminina.
          A alma feminina, porém, hoje não veio com um papo muito agradável. Pra deixar vocês mais familiarizados com os assuntos sobre os quais vamos escrever, faz-se necessário alguns pequenos e chatíssimos ensejos sobre a teoria.
          E na aula de hoje, vamos conversar sobre lipídios, as moléculas que serão as mais populares em todo o decorrer de nosso blog. Mas, no que exatamente consistem os lipídeos?
          Essa classe de compostos de estrutura bastante variada é popularmente conhecida por gordura. Tudo bem, já que a origem dessa palavra é grega e ela significa... Gordura! Os lipídeos, associação de ácidos graxos e álcoois, são caracterizados por uma alta solubilidade em solventes orgânicos e por uma baixíssima solubilidade em água. Exercem diversas funções biológicas, como componentes de membranas, reservas de energia e isolantes térmicos; os próprios lipídios ou seus derivados podem exercer também a função de vitaminas e hormônios.
          Os lipídios, ou nossas conhecidas gorduras, são divididos em categorias. São elas:
- Ácidos graxos;
- Triacilgliceróis;
- Glicerofosfolipídios;
- Esfingolipídios;
- Esteróides;
          Dentre essas cinco coisas com nome engraçado, os ácidos graxos e os esteróides foram escolhidos para ser o assunto de nossas conversas no blog. Dentro de ácidos graxos, nesse post, minha intenção é esclarecer o que são ômega 3 e 6.
          Ácidos graxos, ou ácidos monocarboxílicos são estruturas que geralmente têm uma cadeia carbônica longa, com número par de átomos de carbono, e sem ramificações, podendo ter cadeias saturadas ou que contêm insaturações. O grupo funcional carboxila constitui a parte polar (hidrofílica), e a cadeia carbônica, a parte apolar (hidrofóbica).
          Ahhhh! Parte chata! Mas, pra quem não entendeu nada, ainda há uma chance! Vamos tentar por desenhos:
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          A pontinha invocada (onde temos o grupo funcional COOH) tem afinidade com a água. A parte sem graça (que só tem pausinhos quase formando triângulos) é “rejeitada” pelas moléculas de água.
          Ficou mais fácil, não é?
          Agora, continuando...
          Os ácidos graxos mais comuns são os de 16 a 18 átomos de carbonos. Os átomos de carbonos podem ser indicados por números ou letras. A numeração inicia-se no grupo carboxila (carbono 1 ou C1)e aumenta em direção à extremidade oposta, formada pelo grupo metila. No sistema de denominação por letras, o carbono 2 é o carbono α , o carbono 3 é o carbono β e assim por diante, e o carbono do terminal CH3 é o carbono ω (ômega, a última letra do alfabeto grego), também denominado carbono n.
          Para a identificação da posição das duplas ligações na cadeia carbônica, empregam-se diferentes sistemas de representação. No sistema ω, a contagem dos átomos de carbono inicia-se no grupo CH3, cujo carbono (carbono ω) passa a ser o de número 1, e a dupla ligação mais próxima da extremidade metila (CH3) recebe um número igual ao número do átomo de carbono mais próximo do carbono ω que forma a dupla ligação. Assim, os ácido graxos do tipo ω-3 têm uma dupla ligação entre os carbonos 3 e 4, e aqueles do tipo ω-6 têm uma dupla ligação entre os carbonos 6 e 7, numerando-se os carbonos sempre a partir do carbono ω.
          Apelando pro desenho de novo:
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          E... Por hoje é só! Hahaha
          Enfim... Espero que eu tenha ajudado pelo menos um pouco na compreensão do que são os benditos ω-3 e ω-6 que ajudam a compor o nome do nosso blog e sobre os quais tanto vamos falar nos próximos dias. Agora que vocês já sabem bioquimicamente do que estamos falando, acredito que a compreensão dos malefícios e benefícios proporcionados por essas substâncias no organismo humano ficará facilitada.
          Espero que nossa recente amizade não tenha sido abalada devido ao post de hoje. Qualquer dúvida, por favor, entre em contato com a gente pelo e-mail bioquimicadocolesterol92@gmail.com ou deixe um comentário em qualquer uma das postagens.
          No mais, queridos, até nossa próxima conversa. Farei o possível pra ser mais agradável.
          Beijo do bendito fruto! =**

Referências: Marzzoco, Anita: Bioquímica básica/ Anita Marzocco, Bayardo Torres.- 3 ed.: Guanabara koogan, 2007

Apresentação


          Aos visitantes, nossas boas vindas!
          Por trás desse colorido e convidativo layout que engorda até os olhos, estão cinco ensandecidos estudantes de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). Na condição de obedientes alunos da disciplina bioquímica e de desobedientes seguidores de dietas saudáveis, elegemos colesterol, ômega 3/6 e gorduras trans para alvo de nossas presentes e posteriores pesquisas.
          Nossa intenção, porém, não é fazer do blog um sítio para alívio de consciência dos sedentários e gordinhos. Elegemos o colesterol com o objetivo de esclarecer os estragos e benefícios desse lipídio no organismo humano.
          Embora muitos de nós falemos desembaraçadamente sobre o colesterol, muitas vezes não entendemos exatamente o que ele é e como se relaciona com nossa saúde e bem-estar. Por exemplo, muita gente acha que se tiver determinada taxa de colesterol no sangue está livre de doenças cardíacas. Geralmente, essa é uma suposição correta. Mas, como veremos no decorrer de nossas conversas, é possível ter-se uma baixa taxa de colesterol e, ainda assim, sofrer de arteriosclerose, uma doença cardíaca que, dentre outras coisas, endurece as artérias.
          Há ainda muitas outras confusões sobre essa popular molécula lipídica. Por isso, é importante, para a segurança de vocês e para a saúde de corações e artérias de seus familiares, que vocês aprendam mais sobre as implicações do colesterol na saúde humana.
          Sendo assim, vamos procurar mostrar no desenvolver do blog :
_ as atuais opiniões sobre quais são as melhores taxas para o colesterol em seu sangue;
_quais são as diferentes formas pelas quais o colesterol é introduzido em seu organismo;
_como distinguir o “colesterol bom” do “colesterol ruim”;
_o valor previsível da proporção de colesterol – e como você pode computá-la, a partir dos valores do seu próprio sangue;
_como determinar a melhor dieta para baixar ou controlar seu colesterol;
_novas descobertas com o uso de vitaminas e de tratamentos com medicamentos para reduzir o colesterol no sangue;
_porque um desequilíbrio aparentemente pequeno nos componentes gordurosos em seu sangue pode aumentar substancialmente seu risco coronariano;
_as mais recentes opiniões sobre o uso de fibras solúveis, como o farelo de aveia, no controle do colesterol;
_vínculo entre características hereditárias e o colesterol;
_vínculo entre o estresse e o colesterol;
_o que são, o que fazem, benefícios e contra-indicações dos ácidos graxos ômega 3/6
_o que são, o que fazem, benefícios e prejuízos das gorduras insaturadas
          Nessa looonga jornada, vocês, caros leitores e recentes amigos, terão como orientadores:
_Artur Souza, o inacessível, pessoa de mais difícil contato dentre os componentes do grupo fabricante;
_ Carlos Eduardo Alves, o manager, responsável pelo artigo que nos deu a vitória na luta pelo blog;
_Jean Carlos Dotto, o designer, responsável pelo charme do nosso invocadíssimo blog;
_Matheus Lima, o faster, pessoa que consegue confeccionar posts com maior número de informação em menores intervalos de tempo;
_Laíze Terra, o bendito fruto entre os homens e pessoa que vos escreve, responsável por manter os rapazes na linha;
          No mais, queridos, estamos todos abertos a dúvidas, informações adicionais, contestações, repressões, ideias e tudo mais que contribua para a nossa melhor comunicação. Qualquer pessoa pode entrar em contato conosco; basta deixar um comentário em qualquer uma das postagens ou, então, nos mandar um email (bioquimicadocolesterol92@gmail.com) !

          Aproveitem nossa orientação para se manterem informados. Aproveitem nossa companhia para se reeducarem em suas dietas.
          Gordinhos, sedentários e não-saudáveis de plantão: Façamos uso desse espaço em nosso próprio benéfico!
          E sejam todos bem vindos ao nosso sítio de auto-ajuda!
          Este blog terá como temas principais: Colesterol, Gordura-Trans, Ômega 3 e Ômega 6.

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