Niacina e Flavonóides – Gancho com um problema social

Niacina

          Então. Já falamos de estatinas e de fibratos. Agora é a vez de mais dois tipos de tratamentos por remédios: A Niacina e os Flavonóides.

          Vamos começar pela Niacina. Você provavelmente já ouviu esse nome em algum lugar, não estou certo?

          Poisé, as niacinas são uma vitamina B solúvel. Simples, não? Poisé. Essa vitamina em altas concentrações tem efeitos extremamente positivos na proteção contra desequilíbrios no perfil lipídico.

          As niacinas são capazes de reduzir o nível de triglicerídeos no sangue, reduzem fortemente também o nível de LDL sérico e, o mais importante, são especialistas em aumentar os níveis de HDL.

          Porque eu digo que sua principal função é aumentar os níveis de HDL? Simples. Vimos vários problemas de desequilíbrios lipídicos até agora. Algumas pessoas tem excesso de LDL, excesso de triglicérides e etc. Poisé. Pra excesso de LDL e de TG já temos as super-poderosas estatinas, que estudamos nesse post aqui: Post de estatinas. Em alguns casos a pessoa consegue equilibrar seus níveis de LDL, mas não consegue manter importantes níveis protetores de HDL. Nesses casos entra o tratamento com Niacina.

          Nesse trabalho: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2971704/?tool=pubmed, vemos que as mulheres tem uma variação de níveis de HDL muito maiores que as de homens durante a vida, principalmente entre o período pré-menopausa e pós-menopausa. Nessa transição a redução de HDL é muito grande e a consequência é um aumento que vai de 2,5 a 4,5 (!) veses nos casos de aterosclerose.

          Nesse caso se mostra importantíssimo o uso de tratamentos que envolvam, além das famosíssimas estatinas, a presença da Niacina. Pra se ter uma ideia da diferença que ela faz em um tratamento de aumento de HDL, basta dizer que enquanto as estatinas aumentam o HDL de 5 a 15%, a niacina o aumenta de 15 a 35%. Dessa forma a associação entre essas duas drogas é uma ferramenta importantíssima na luta contra a aterosclerose.

          O seguinte quadro dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia apresenta dados farmacológicos da niacina nos níveis séricos de LDL, HDL e Triglicerídeos:

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          O grande problema do uso das niacinas são os efeitos colaterais que elas causam. De 10 a 50% dos pacientes, dependendo do tratamento, apresentam dor abdominal (dispepsia), vermelhidão, náuseas, diarréia e até mesmo problemas de insuficiência hepática. Outro gravíssimo problema desse tipo de tratamento se deve a hiperglicemia que ele causa. Grande parte dos pacientes de diabetes apresenta baixas quantidades de HDL, tornando esse um tratamento que, a primeira vista, poderia ser interessante. Infelizmente os efeitos colaterais impedem que isso seja viável.

          Felizmente o uso de niacina de absorção mais lenta através de métodos farmacológicos impede que esses efeitos sejam tão pronunciados tornando seu tratamento mais viável. Pra ver um trabalho completo da farmacologia desse medicamento basta ler o seguinte trabalho: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2005002400005&script=sci_arttext&tlng=en.

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          Essa acima é a forma molecular da Niacina. Tão simples, né? Compare-a com a estrutura do monstruoso colesterol... Mesmo assim seus efeitos são muito variados e muito importantes.

          Uma alternativa para se combater os problemas causados pela de niacina é seu uso associado com outros medicamentos. Isso possibilita que as doses aplicadas sejam inferiores às necessárias para causar efeitos colaterais.

Flavonóides

          Para entender como exatamente os flavonoides atuam como protetores contra a aterosclerose, precisamos primeiramente entender como os radicais livres influenciam no comportamento da placa aterosclerótica.

          Para facilitar esse entendimento vamos pedir ajuda para um blog amigo. O blog dos radicais livres. Nele é mostrada a relevância dos radicais livres na piora do quadro de aterosclerose no seguinte post: Radicais Livres e Aterosclerose . Simplificando pro nosso blog, basta dizer que os radicais livres promovem a oxidação da LDL. No post sobre aterosclerose aí em cima vemos que um dos princípios da formação da placa aterosclerótica é a oxidação da LDL, que passa então a atrair macrófagos e dar prosseguimento a inflamação.

          Poisé. Já estamos quase adivinhando a função dos flavonóides. Isso mesmo. Os flavonóides são anti-oxidantes. Dessa forma eles impedem que a LDL se oxide e se estabilize na formação da placa aterosclerótica.

          Os estudos sobre o efeito de uma ingestão de flavonóides relacionada a cura da aterosclerose ainda não são tão claros. Principalmente pelo meio de obtenção de flavonóides considerado mais eficaz. Muitos institutos como a American Heart Association tentam ser extremamente cautelosos com esse assunto. Mas, como sentiram falta disso aqui no blog, vamos tentar uma analise e aproveitar pra falar de um problema social muito grave.

          Vamos lá. Os flavonoides são presentes em vários produtos alimentares de origem vegetal. Na maioria deles os flavonoides estão ligados a grupos de carboidratos que não podem ser digeridos pelo ser humano. Por isso não é claro ainda como obter flavonóides de forma importante para a partir de alimentos. A exceção mais clássica e que todos conhecemos é a uva. Simplificando mais ainda, os lugares que os flavonoides são mais facilmente absorvidos na dieta humana são o suco de uva e o vinho, além do chá preto. Quase não ouvimos falar do chá preto, pouco ouvimos falar do suco de uva e quase toda semana vemos reportagens enormes sobre os benefícios do vinho. Interessante, não?

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          O vinho apresenta uma eficácia muito grande na absorção de flavonoides, possivelmente pois sua própria absorção pelo organismo é mais eficiente que a do suco de uva.

          Poisé. São várias e várias as pesquisas que mostram que o vinho e seus flavonóides são capazes de reduzir a incidência de problemas cardíacos por impedir a oxidação da LDL e seu acumulo em placas e, além disso, o álcool parece ter um efeito positivo, por favorecer a formação de HDL, que também reduz essas placas.

          Apesar de alguns resultados inconclusivos, a maioria mostra efeitos benéficos.

          No livro do Dr. Keneth H. Cooper, Controlando o Colesterol, ele faz uma forte crítica à enorme divulgação pela imprensa dos benefícios do vinho e de outras bebidas alcoólicas para o tratamento do colesterol. Ele trata da possibilidade da super-divulgação desses estudos estar relacionada a certa propaganda positiva do álcool, tornando-o mais bem visto pela sociedade. Pra se ter ideia do quanto existem trabalhos que estimulam o consumo de álcool usando o colesterol como motivo, existe um estudo inglês que afirma que beber meia garrafa de vinho por dia todos os dias (!!!), aumenta muito as concentrações de HDL no sangue.

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          Então. Fico com a frase que O Dr. Keneth Cooper citou do trabalho do Dr. Heaton da Universidade de Bristol: “O excessivo consumo de álcool causa sérios danos ao cérebro, ao fígado, ao pâncreas, ao estômago, aos nervos e ao coração. A bebida abrevia ou arruína a vida de milhões.”. O risco de se estimular a sociedade ao consumo de álcool, mesmo que moderado, leva a problemas infinitamente superiores aos benefícios. O próprio álcool em excesso consegue causar danos ao fígado e arruinar o controle do colesterol que do qual este é responsável.

          Mas aí você se pergunta: “Recentemente fala-se do consumo moderado de álcool. Isso não causaria danos. Por que tanto alarme contra o alcoolismo?”

          A resposta é simples. Álcool causa dependência química. Quase todos conhecemos casos de problemas de familiares ou amigos que tem algum problema de dependência grave de álcool. Estimular que a população toda tivesse contato com esse tipo de substância diariamente, mesmo que em pequenas quantidades, exporia quantas pessoas ao risco? Você sinceramente acha que vale a pena?

          Pra finalizar vou deixar um vídeo do TAC, responsável pelas melhores propagandas contra beber e dirigir (Precisamos de umas dessas no Brasil. Ninguém se comove com ursinhos…). Só pra fixar um pouco a ideia. A principal ideia é: Just a little bit over. Muito a ver com o “Só um pouco de álcool”:

Pesquise outros vídeos da TAC no youtube: http://www.youtube.com/user/TACVictoria

          A próxima vez que você pensar em benefícios de flavonóides vá pelo chá preto, pelo chocolate, pelo suco de uva. Esqueça o vinho….

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Referências:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2971704/?tool=pubmed

http://www.scielo.br/pdf/abc/v85s5/v85s5a10.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2005002400005&script=sci_arttext&tlng=en

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/view/1641/2147

http://www.gauerdobrasil.com.br/public/biblioteca-virtual/soja/oleo-de-peixe-fitoesterois-soja-e-antioxidantes-impacto-nos-lipidios-e-na-aterosclerose.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2001001500001&script=sci_arttext&tlng=en

Nosso blog amigo: http://www.biobioradicaislivres.blogspot.com/

Vídeos da TAC no youtube: http://www.youtube.com/user/TACVictoria

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