Hormônios Esteróides – Glicocorticóides

Como eu disse anteriormente, o colesterol é a base que o corpo usa para a formação de uma importantíssima classe de hormônios, os esteróides. Esses hormônios ajudam na regulação e sinalização no corpo, sendo responsáveis por controlar vários processos metabólicos naturais e manter a homeostase. Vamos hoje ver de que forma a molécula de colesterol se transforma nesses outros compostos. Vimos como é a cadeia química do colesterol anteriormente:
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Vemos o núcleo de anéis rígidos e uma cadeia lateral linear de carbonos. Então, para formar hormônios esteróides o colesterol quebra exatamente essa cadeia e a substitui por algo diferente. Por exemplo vamos ver a estrutura da progesterona:
colesterol_progesterona
A partir desse tipo de quebra o colesterol cria diversos esteróides com várias funções diferentes. Hoje nos focaremos nos hormônios esteróides da classe dos glicocorticóides ou glucocorticóides:
São fabricados ná glândula supra-renal.  Tem as mais diversas funções no corpo. O mais conhecido deles é o cortisol:
250px-Cortisol
Uma das funções básicas deste tipo de hormônio e a responsável pelo seu nome é a regulação da gliconeogênese. Em outras palavras, eles incentivam a síntese de glicose pelo organismo a partir de compostos  diferentes da glicose, como o lactato, o piruvato, o glicerol e muitos aminoácidos. Esse processo é importantíssimo para o corpo uma vez que o cérebro humano por exemplo só consegue absorver energia na forma de glicose.
A reação de síntese de glicose por essa via é representada por:
2 Piruvatos + 4ATP + 2GTP + 2NADH + 2H+ +H2O  --> GLICOSE + 4 ADP + 2GDP + 6P+ 2 NAD+
Dá pra perceber que muita energia é gasta nesse processo, mas como explicado anteriormente o corpo humano precisa de glicose para alguns órgãos que processam apenas ela como fonte de energia.
Outra importantíssima função dos glicocorticóides é a sua ação anti-inflamatória forte. Eles são usados na medicina para a formação de vários produtos anti-inflamatórios conhecidos. Seu modo de ação é a partir do barramento da ação gênica. Isso mesmo. COmo a inflamação é uma reação causada pelo nosso próprio corpo, os glicocorticóides inibem indireatamente a expressão de genes com efeito inflamatório inibindo os fatores de transcrição destes genes e incentivando a transcrição de genes com efeito anti-inflamatórios como mostrado nessa figura publicada no New England Journal Medicine em 2005:
cortisol regulating
Existem outros tipos de antiinflamatórios mas até hoje os antiinflamatórios são os mais eficientes disponíveis. É importante destacar que a melhora causada pelo antiinflamatório não impede a evolução de uma doença, sendo seu uso importante principalmente para tratamento sintomático.
O uso desse tipo de medicamento é tão costumeiro e importante que o ministério da saúde disponibiza em um documento várias recomendações para o uso deste remédio por médicos. Este documento está disponível por exemplo no site do Hospital da Universidade de Brasília no seguinte link: Formulário Terapêutico Nacional
Neste link também há um quadro básico de comparação dos tipos de glicocorticóides usados para tratamentos de inflamações:
quadro esteroides
Não para por aí. Os glicocorticóides também tem efeito imunossupressor. A primeira vista essa ação pode parecer simplesmente nociva para o corpo, porém isso não é sempre verdade. Alguns males podem ser tratados por imunossupressão, como por exemplo neoplasias. Mais importante ainda, a imunossupressão impede que o corpo rejeite órgãos transplantados, sendo o tratamento com glicocorticóides fundamentais para a manutenção do órgão.
Cada uma dessas drogas é indicada para uma situação particular e seus efeitos variam muito. Os antiinflamatorios são hoje um dos principais remédios erroneamente usados na auto-medicação. Vários são os efeitos colaterais de seu uso, variando de retenção de água a suceptibilidade à infecções devido a sua ação imunossupressora, passando por úlcera péptica, e osteoporose.
Além disso o uso prolongado desse tipo de medicamento pode causar a redução da ação da glândula responsável por sua produção no corpo, a supre-renal. Este efeito é de tal modo importante que após um uso prolongado desse tipo de medicamento, seu uso é reduzido gradualmente para permitir que o corpo volte a produzir glicocorticóides adequadamente. Na auto-medicação vários desses cuidados deixam de existir, causando sérias consequências ao organismo.
Quanta coisa, né? E pensar que isso tudo é resultado da ação de apenas um dos tipos de hormônios derivados daquela simples molécula de colesterol que vimos anteriormente. E pensar que o colesterol é visto por grande parte da população apenas como um “entupidor de veias”…

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